Há Luvualu na costa portuguesa. O embaixador itinerante de sua majestade o rei de Angola, José Eduardo dos Santos, publica agora um artigo de opinião no jornal português Público. Os critérios editoriais do Público não se discutem, é claro. Mas são um indício. Estejamos atentos.
Por Orlando Castro
Será que, como num passado recente, o Boletim Oficial do regime, vai agora deixar de considerar os jornalistas do Público (tal como os da SIC e do Expresso) uns “idiotas úteis” que estão ao serviço de “quadrilhas” que se serviram de “diamantes de sangue” em Angola?
Um dia destes ainda o vamos ver o Artur Queiroz (ou o José Ribeiro) escrever um artigo de opinião no Público sobre a divina estratégia do socialismo sanzaleiro de José Eduardo dos Santos.
Reforçado pelos esmagadores êxitos do seu patrono e patrão, certamente que o Boletim Oficial poderá agora, quem sabe se através de um outro artigo de opinião de Luvualu de Carvalho no Público, concretizar a ameaça feita em 12 de Maio de 2008.
Nesse dia, o também conhecido por Pravda ameaçava divulgar “as listas dos nomes dos quadrilheiros portugueses capturadas no bunker de Jonas Savimbi no Andulo”.
Tal como escrevi nesse mesmo dia, era e continua a ser bom que o faça. Ou será que o facto de o dono do jornal, bem como do país, ser agora também dono de grande parte de Portugal, alterou o ímpeto?
Continuo, contudo, à espera das listas de quadrilheiros portugueses e, já agora, também da imensa listagem dos oficiais das FAPLA e depois das FAA que trabalhavam para Savimbi, assim como dos políticos do MPLA, alguns com altos cargos no regime e que também trabalhavam para o líder da UNITA, e ainda dos jornalistas (portugueses e angolanos), hoje rendidos aos encantos do MPLA, e que também eram amamentados por Savimbi.
“Basta de abusos e insultos”, advertia então o Boletim Oficial na última linha de um texto não assinado, publicado em Editorial, sem avançar quaisquer pormenores sobre as “listas de quadrilheiros portugueses”, inferindo-se que se trata de aliados do ex-líder da UNITA, principal partido da oposição angolana, morto em combate em Fevereiro de 2002.
Força camaradas. Se os tiverem no sítio (não têm, nunca tiveram e nunca terão, como é bom de ver) não devem esperar. Mandem cá para fora tudo o que têm. Tudo. Tudo. Tudo significa tudo. Percebem?
“A liberdade de imprensa teve sempre inimigos confessos e alguns idiotas úteis que, mesmo sem o saberem, são os inimigos mais difíceis de conter ou enfrentar”, referia o Boletim Oficial do MPLA, explicando que estes “idiotas úteis” são aqueles que os patrões “usam para todos os abusos”.
Olhem quem ladra. Reproduzem o que o patrão do MPLA manda e, mesmo assim, até o texto estar impresso estavam de trela curta e surgem depois a arrotar postas de lagosta como se fossem livres e independentes.
Sob a batuta do MPLA, estes escribas escolarizados há bem pouco tempo (ainda não há muito saltitavam nas copas das árvores) servem-se do Boletim Oficial para publicarem o que nem eles sabem o quer dizer.
Aliás, o facto de o texto não vir assinado apenas mostra que, quando o capataz do MPLA disse ao suposto autor para assinar, ele perguntou: “Onde ponho o dedo, Patrão?”